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Pau-de-arara

Ary Toledo

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A
Eu um dia cansado que eu tava

Da fome que eu tinha

que eu num tinha nada

que fome que eu tinha
E7 A
que seca danada no meu Ceará

Eu peguei

e juntei os restinhos de coisas que eu tinha

duas calça velha e uma violinha
E7 A
e num pau-de-arara toquei para cá

D
E de noite eu ficava na praia de Copacabana
B7
Zanzando na praia de Copacabana
E7
Dançando o xaxado pra moças oià

A
Virge Santa que a fome era tanta

Que nem voz eu tinha

Meu Deus quanta moça

Que fome que eu tinha
E7 A
Que seca danada no meu Ceará

( E7 A )
Foi aí que eu resolvi comer gilete. Tinha um compadre meu
lá de Quixeramobim, que ganhou um dinheirão
comendo gilete na praia de Copacabana.
De dia ele ia de casa em casa pedindo gilete velha
e de noite ele comia aquilo tudinho pro pessoal ver.
Eu num sei não Elis, mas eu acho que ele
comeu tanto, que quando eu cheguei lá na praia,
aquele pessoal já tava até com indigestão,
de tanto ver o camarada comer gilete.
Uma vez, eu tava com tanta fome que falei assim

prum moço que ia passando:
--Decente, deixa eu cume uma giletezinha, pra vosmecê vê?



Então ele me respondeu assim:
-- Sai prá lá pau-de-arara. Tú não te manca não?
-- Oh! Distinto, só uma, que eu num comi nadinha inda hoje.
-- Tú enche, hein, pau-de-arara?


Aquilo me deixou tão aperriado, que
se num fosse o amor que eu tinha na minha violinha,
eu tinha arrebentado ela na cabeça daquele pai-d'égua.

A
Puxa vida não tinha uma vida
pior do que a minha
Que vida danada, que fome que eu tinha
E7 A
Zanzando na praia pra lá e pra cá.
Quando eu via toda aquela gente
num come que come, eu juro que tinha
E7
saudade da fome, da fome que eu tinha
A
No meu Ceará
D
E daí eu pegava e cantava
e dançava o xaxado
B7
E só conseguia porque no xaxado
E7
A gente só pode é mesmo se arrastá

A
Virge Santa
Que a fome era tanta
que até parecia que mesmo xaxando
E7
meu corpo subia igual se tivesse
A
querendo voar

( E7 A )
Às veiz a fome era tanta, que vorta e meia a
gente rumava uma briguinha pra ir comer a bóia no xadrez.
Êta quentinho bom na barriga! Mas, com perdão da palavra,
a gente devorvia tudo dispois, porque a bóia
já vinha estragada... Mas enquanto ela ficava
ali dentro da barriga, quietinha... Que felicidade!
Não, mas agora as coisas estão miorando.
Tem uma senhora muito bondosa lá no Leblon,
que gosta muito de ver eu comer é caco de vrido.
Isso é que é bondade da boa! Com isto
eu já juntei uns 500 mil réis.
Quando eu tiver mais um pouquinho,
vou simbora, vorto pro meu Ceará.

A
Vou simbora pro meu Ceará
Porque lá tenho um nome
Aqui num sou nada, sou só Zé com fome
E7 A
Sou só pau-de-arara, nem sei mais cantá.
Vou picar minha mula, vou antes que tudo arrebente
porque to achando que o tempo tá quente,
E7 A D A
Pior do anda num pode ficar.

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