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Décima do Sorro

Pedro Ortaça

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C                 G7                    C
Na tarde boca da noite, inventei uma caçada;
G7 C
Na costa de uma restinga, deixei uma trampa armada;
G7 C
Para ver se ali caía, um sorro nesta emboscada.

G7 C
O tal sorro que eu queria, já me era um desafio;
G7 C
Bicho pequeno que havia, ele passava no fio;
G7 C
Leitão, borrego e galinha, roubava do pobrerio.

G7 C
No outro dia bem cedo, primeiro cantar do galo;
G7 C
Apiei da minha cama, e amuntei no meu cavalo;
G7 C
Fui ver se tinha caído, na trampa o sorro que falo.

G7 C
Tinha caído sereno, tava molhado o capim;
G7 C
Apanhar aquele sorro, era uma honra pra mim,
G7 C
Pra quem rouba da pobreza, a gente tem que dar fim.

G7 C
Lhe chamam de sorro manso, que de valde não se arrisca;
G7 C
Mas de longe eu vi o bicho, meio engasgado na isca;
G7 C
Quando se sentiu das pata, chegava soltar faísca.

G7 C
Mas o sorro é bicho esperto, raça de bicho ladino;
G7 C
Quebrou as garras da trampa, decerto o arame era fino;
G7 C
Embora de pata renga, fugiu do triste destino.

G7 C
Mas eu como fui soldado, na vali da disciplina;
G7 C
Fiz um cargo aproximado, fui lhe esperar numa esquina;
G7 C
Já ia saindo o sorro, do meio de uma faxina.

G7 C
Eu larguei o meu cachorro, um pitoquinho colera;
G7 C
O sorro já ia longe, passando numa porteira;
G7 C
Pra se pegar este bicho, só tiro de boleadeira.

G7 C
Já meu pitoco chegava, quase na cola do sorro;
G7 C
Quando o bicho perseguido, deu um grito de socorro;
G7 C
Livrai-me senhor dos matos, dos dentes deste cachorro.

G7 C
Fez volta e fez contra-volta, veio e entrou num buraco;
G7 C
De tanto correr o bicho, eu já me sentia fraco;
G7 C
Quando chegou meu pitoco, já fui tirando o casaco.

G7 C
Metendo a mão pela toca, tirei ele pela oreia;
G7 C
Quantos crimes tu tens feito, entre galinhas e oveia;
G7 C
Não foi por nada que Cristo, não te botou sobrancelha.

G7 C
Nem assim o sorro véio, nas garras de minha mão;
G7 C
Entregou a rapadura, gritou e pediu perdão;
G7 C
Me apelou pro sentimento, e eu tive bom coração.

G7 C
Dei-lhe uma sova de laço, com a tala de meu reio;
G7 C
Dizendo é pra que aprenda, a não roubar o alheio;
G7 C
Comer criação dos pobre, é um pecado dos mais feio.

G7 C
Larguei o sorro riscado, mesmo que jaguatirica;
G7 C
Ele ouviu o meu conselho, que pros demais aqui fica;
G7 C
Todo ladrão de respeito, só rouba de gente rica.

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